O sacrifício pela vida na guarita (sacredfishyousystem) - 2012


Trabalho realizado em parceria com o artista Daniel Acosta.
 
Os desenhos abaixo foram realizados a quatro mãos durante a breve temporada que passei na cidade de Pelotas, onde o Acosta vive e trabalha. São  registros de uma imersão em busca de idéias (em breve imagens melhores dos desenhos). Todos medem 40 x 60 cm. tecnica mista s/ papel...




 
 
 
... duas guaritas suspensas. cada uma ocupa um canto da sala. guaritas feitas de isopor...algóricas. dentro das guaritas, mato. destes que precisa de precisa de água para sobreviver. surgiu a necessidade de criar-se um sistema, destes de irrigação. então surgiu a idéia de um sacrifício. um aquário cheio d'água com um peixe. uma vez por dia o sistema é acionado e uma bomba retira um pouco da água do peixe para, atraves de uma mangueira com pequenos furos, irrigar as plantas. com o tempo o nível da água vai baixando no aquário e o peixe cada vez mais oprimido para que as plantas sobrevivam.
o peixe é um beta, ideal para este tipo sistema pois tem a capacidade de sobreviver às condições mais hostis.
 
 
 
 
 
 
 
 


 
 
 



 
guaritas - 250 x 100 x 100 cm (cada)
isopor, amdeira e plantas
 
aquario 55 x 65 x 45 cm (cada)
 

Fonte da água escondida, da série esculturas invisíveis - 2012

 
os esboços e o projeto
grafite s/ papel e aquarela s/ papel
60 x 40 cm
 
 
 
indiferentes, visitantes convivem com a escultura sem percebê-la.
 
 
 
 
 
 
fonte da água escondida - da série esculturas invisíveis
site specific - tubo de pvc, cimento, tijolo, vaso de planta e ralos.
120 x 40 x 35cm
 
Quase imperceptível, não fosse o ruído sutil de água corrente que escapa do ralo de metal (lá dentro, um sistema simples faz um pouco de água circular, como uma pequena fonte) esta construção ocupa temporariamente  a área de convivência na entrada do edifífio do SESC em Niterói. O nome desta cidade é de origem tupi e significa água escondida. Imaginei vazamentos...águas residuais. O ruído de água que escapa de um ralo nos leva a pensar que é esta a água que faz brotar matos no outro ralo, o do vaso de planta. No entanto, trata-se apenas uma idéia, um truque, como a parede dry wall de onde o cano parece sair.
Apenas simulação.
 

O Jardim de Epicuro - 2012


As ruínas do jardim

Cauê Alves


A mostra O Jardim de Epicuro, de Daniel Murgel, apresenta uma dicotomia fundamental: o prazer natural, a felicidade, versus a sofrida vida em uma grande metrópole. Como se sabe, em São Paulo a contradição é evidente. Há diversos bairros chamados de jardim: desde os áridos Jardim Ângela e Jardim São Luiz, que já foram considerados pela ONU uma das regiões urbanas mais violentas do mundo, até os arborizados e nobres Jardim Europa e Jardim América. Mas não são propriamente desses jardins que o artista trata, e sim da vida cotidiana em meio aos tropeços de um acelerado processo de urbanização. Esse estado absurdo levou o antropólogo e filósofo francês Claude Lévi-Strauss a dizer que "Aqui tudo parece que ainda é construção e já é ruína", frase que Caetano Veloso usou depois na canção Fora de Ordem.
            A referência ao famoso jardim de Epicuro, filósofo grego do século IV a. C. não é casual. Ao se dedicar a uma filosofia moral e prática, Epicuro se opôs ao modelo da Academia, ao Liceu e a toda a tradição platônica e aristotélica, num momento marcado pela decadência da cidade-Estado grega. A escola de Epicuro ficou conhecida com o nome de o Jardim, comunidade aberta em Atenas onde o filósofo lecionou e viveu até o dia de sua morte rodado de amigos e discípulos. Afastado do burburinho da polis, na calmaria e silêncio do campo, o jardim de Epicuro é o lugar onde será exaltado o prazer e a alegria. De modo bastante resumido, a filosofia de Epicuro compreende o bem a partir do natural afastamento da dor física, e pela proximidade com o prazer corporal, fonte da felicidade. Trata-se de um prazer associado ao equilíbrio, a serenidade, ao prazer do sábio que domina as paixões da alma.  Entre os prazeres mais elevados estão a saúde do corpo e o cultivo da amizade. Se o homem não temer a morte ou a ira dos deuses ele poderá facilmente alcançar a tranquilidade, a lucidez e, assim, o bem.
            Não deixa de ser irônico que o jardim de Daniel Murgel seja antes de tudo urbano, insalubre, e se aproxime de uma ruína. Nele está presente tanto a força da natureza sobre a cultura, a partir de um passado que desmoronou, quanto uma alegoria da própria passagem do tempo. Na galeria, um matinho cresce silencioso nas beiradas, entre as placas do piso, ao mesmo tempo em que uma fonte de água jorra constantemente, alusão a uma temporalidade fluida e sempre nascente, promessa de futuro. A memória de uma cidade feita de casebres simples, com um gosto médio e kitsch, dá lugar aos grandes edifícios pomposos de fachadas envidraças que representam o progresso. Uma vez que história e estória não se opõem, o que o artista faz é uma espécie de ficção arqueológica. Uma escavação/ construção na arquitetura que revela a história da cidade. Ela nos indica que a invenção pode nos mostrar mais do mundo do que a objetividade dos fatos.
            O padrão geométrico do piso que ocupa a calçada e invade a galeria, não é apenas continuidade entre o interior e o exterior, mas símbolo do estado de São Paulo e de certa utopia racionalista que permeava a arte construtiva no Brasil: sonho de um país moderno, civilizado e para todos. A matriz quadriculada com três módulos (preto, branco, e meio preto meio branco) desenhada por Mirthes do Santos Pinto, vencedora do concurso para o piso da cidade lançado pelo prefeito Faria Lima, em 1966, em São Paulo, se contrapõe ao padrões orgânicos das calçadas cariocas. Entretanto, o modo como o artista configura os módulos, o mapa do estado de São Paulo se torna uma onda, vira um barco e depois um pássaro que ensaia um voo livre.
Os artistas concretistas do grupo Ruptura, que lançaram as bases para o que seria o projeto construtivo na arte brasileira, condenaram a arte hedonista, “que busca a mera excitação do prazer ou desprazer”, em nome de uma arte que se situe acima da opinião e que seja dedutível de conceitos. A filosofia de Epicuro, por associar o bem ao prazer também foi rotulada (erroneamente) de hedonista devido aos elogios ao corpo e os prazeres sensíveis. Mas o prazer no jardim de Epicuro não está nos excessos e sim na harmonia do corpo.
E tudo o que sabemos sobre Epicuro nos chegou por fragmentos e cartas esparsas que a tradição no relegou, são ruínas de um passado glorioso que não mais voltará. Guardada as devidas proporções, do projeto construtivo também não restaram senão ruínas. Por uma impossibilidade de realização completa de sua utopia, sobraram apenas vestígios degradados de um sonho que não se assentou em bases sólidas. O trabalho de Daniel Murgel chama atenção a esse estado ao inventar um jardim de concreto, distante do jardim das delícias, do sonho dos prazeres do Éden, um lugar que talvez nos revele a dificuldade de realizarmos nossas aspirações de felicidade, seja a salvação coletiva ou a pessoal tal como Epicuro almejou.
O trabalho do artista permite que novos sentidos surjam entre o passado inventado e o que está por vir. Entretanto, a sua ruína é menos obra da natureza do que da ação e imaginação do homem, fruto do nosso atravancado e contraditório processo de modernização. Sem forjar utopias ou imagens felizes de um futuro improvável, e tornando presente um passado factível, o Jardim de Daniel Murgel deixa para cada um de nos a possibilidade de reencontrarmos prazer nas agruras da vida urbana.



sem título (transição mapa sp - pássaros - barcos)
intervenção permanente na calçada da galerira
500 x 240 cm








olhar pro chão
instalação: terra, tijolos, ladrilho e cimento
6 x 220 x 40 cm






detlahe para  a fonte


carrinho (1m²)
escultura: terra, madeira, ladrilhos, rodizios e cizal
100 x 90 x 40 cm




detalhe para o mato crescendo no carrinho



a presença do jardim de inferno no jardim de epicuro
vaso de cerâmica, terra compactada, ladrilho e sementes variadas
40 cm (diâmetro) x 60 cm  (altura)


(rompido)


 detalhe do mato crescendo no vasinho


pintura de parede: a parede tetrapharmacon
tinta pva, cimento, azulejo e desenho
250 x 400 cm























Amnésia - construir para destruir - 2012

Trabalho desenvolvido em Buenos Aires para a exposição Espejos: en el camino al pais de las maravillas, no Centro Cultural Haroldo Conti (ex ESMA).
Este prédio, durante a ditadura , foi o cativeiro de milhares de pessoas que foram torturadas e exterminadas por militares.


projeto para instalação 'amnsesia - construir para destruir'
aquarela e nanquin s/ papel
60 x 50 cm
2012


amnesia - construir para destruir
instalação: alvenaria, terra compactada, cadeiras e sementes
100 x 250 x 250 cm (aproximadamente)
2012




(detalhe)

visão de topo (antes de brotarem as sementes)

(in)cômodo - 2012

ilustração para a instalação (in)cômodo
aquarela s/ papel
36 x 32 cm
2011

(in)cômodo
instalação - tijolos, cimento, cama de madeira e vaso de planta
220 x 400 x 300 cm
2012 

(in)cômodo
instalação vista de outro ponto















foto: renato slot ranquine
(in)cômodo
instalação vista por dentro


   (in)cômodo
   detalhe da cama

Abaixo, imagens da segunda montagem da instalação, construída em local público.
Belém - PA Casa das Onze Janelas.







  

Desenhos de canto - 2010

Cubículo- aqui nós mora e faz exposição
aquarela e canetas s/ papel
aprox 50 x 40 cm cada metade do cubículo
aprox 40 x 40 cm  cada parte do telhado
2010
coleção particular

Fortaleza - aqui nós garante lei e ordem
aquarela e canetas s/ papel
aprox. 50 x 50 cm cada metade
2010